domingo, 2 de dezembro de 2012

Eu e Elas.




Não que me faltassem palavras, adjetivos ou experiências passadas e passageiras pra descrever minhas histórias, escrever sobre o lado oposto é sempre mais complicado. Tenho que selecionar as palavras, encaixar os raciocínios, pensar como elas pensam e sobre o que pensam, não é tão fácil quanto parece. Meu talento inato para o caos e para a desordem, obviamente não deixaria de passar despercebido em minhas relações pessoais.
Meus relacionamentos não passavam de uma noite, duas talvez, no mais umas poucas semanas e raros os que chegaram a alguns meses completos, estes foram desgastados pela rotina ou simplesmente implodidos pelos meus desinteresses. Não sei ao certo o que havia comigo, me faltava à vontade de continuar, de insistir em idas ao shopping, filmes e conversas sobre os seus problemas familiares, eu não me entendia, não podia então exigir que elas me entendessem e no final das contas tudo o que me restava era mais um desafeto e uma reputação nada boa a se zelar.
Minha incapacidade de tolerar lugares, pessoas e assuntos sempre foram confundidos com arrogância, normalmente isso me ajudava a manter a distância segura com a maioria, porém vez ou outra alguma mulher sempre desafiava a lógica e tentava romper a minha cápsula de segurança, seja por imprudência ou por pura loucura, algumas iam além e isso me assustava.
Assustava-me a o quão longe elas podiam chegar dentro de mim, o quanto elas poderiam saber daquele magrelo mal humorado, me enchia de pânico todas as vezes que uma menina se colocava disposta a entender, era uma sobrecarga terrível sobre meus ombros.
Nunca me importei em fazer nada perfeito, me emputecia as pessoas que se pautavam na perfeição, sempre via a perfeição no torto, no errado e no mau feito, mas pro meu desconsolo sem fim minha única vaidade perfeccionista tinha, claro, que ser com as mulheres.
Imaginava situações, compunha diálogos, por Deus aquilo me cansava, queria que tudo soasse perfeito, que se encaixasse milagrosamente. Claro que nunca foi tão fácil assim, me consola saber que não é fácil pra mim e nem pra ninguém, algumas pessoas possuem uma maior habilidade em lidar com situações, seja sorte, dom ou pura técnica, o fato é que mesmo desajeito por vezes eu conseguia o que queria, não que isso me desse orgulho mas pra um cara magro, alto e extremamente entediante era como acertar os 6 números da loteria federal.
Fui mais longe do que pensei em um dia ir, apesar da brutificação de algumas formas de sentimento que sofri ao longo dos meus tortuosos relacionamentos passados, encontrava vez ou outra alguma mulher que me fazia sentir um puto sortudo. Não sei o que os outros homens pensavam, mas eu me sentia escolhido, dentre todos os homens que vivem aos pés, por mais feia e insuportável que seja a mulher, ela me escolheu, pode ser que isso soe como uma grande tolice sem fim, mas nunca deixei de me sentir feliz pela escolha delas por mim. O bom disso é que nunca uma mulher era apenas mais uma mulher, por mais que fossem por apenas uma noite ou algumas horas, o ruim era sempre a maldita pressão, as perguntas que nunca cessavam em minha mente, não era medo, não era insegurança, já havia passado por tais situações dezenas de vezes o que me faz agir diante delas de forma tão natural e calma que chegava a me surpreender algumas vezes.
Era só o fato de eu sempre admirar a perfeição feminina, os lábios perfeitos, o cheiro do cabelo que fica na roupa, os pés frios que se encostam à cama durante uma noite, o abraço quente e o sorriso verdadeiro de "Nossa ele veio mesmo!", me perdia nos olhos escuros, claros, sejam lá quais eram. Perguntavam-me por vezes o que aqueles olhos, que agora me perfuravam, já teriam visto da vida, ou as palavras que a aquela boca que agora me beija já disseram. Era esse o meu desconforto, o meu medo, a minha vontade de ficar ali eternamente e de sair correndo ao mesmo tempo, por mais que todas as minhas noites terminassem todas sempre iguais, nunca uma mulher era igual a outra, todas tinham sua perfeição.

Vinícius Victor A. Barros.