domingo, 17 de fevereiro de 2013

Monólogo de cafeteria.



E lá estava eu sentado naquele café sozinho, tão vazio quanto o meu peito, tão calado quanto gostaria que minha mente estivesse.
- Um café, por favor.
É normal querermos fugir quando algo não da certo ou não sai como planejamos, passei a vida inteira fugindo e já estava cansado de tentar concertar as coisas, eu só queria poder ficar ali sentado sentindo o cheiro bom de café fresco vindo lá dos fundos da cozinha. Às vezes não precisamos ir tão longe para esquecermos algo, certos problemas correm mais rápido que gostaríamos e nos alcançam mais cedo ou mais tarde.
Queria poder falar pra ela tudo que planejei pra nos dois, os dias quentes na piscina com uma cerveja na mão, as viagens pra praia no final do ano, os jantares em família, as noites frias vendo nossos seriados preferidos embaixo de um cobertor quente. Queria poder contar isso tudo pra ela, mas ela não chegou ainda. Queria te emprestar uma camiseta antiga que ficaria enorme em você, dormir afundado no cheiro dos teus cabelos e acordar antes só pra poder ficar um tempo te vendo dormir, queria poder te dizer isso tudo, mas cadê você que não chegou ainda? 
A sensação que sempre fico perdido no tempo e no espaço, que as coisas nunca acontecem na hora que devem e que alguém lá em cima decidia meu destino em um jogo de dados, sempre me acompanhou. Os dados do destino me levaram do céu ao inferno por diversas vezes, mas com o tempo aprendi a chamar o inferno de lar e o céu de objetivo. Queria poder falar o tanto que eu penso em você, e queria que pensasse só um pouquinho em mim pra eu não me sentir tão idiota assim, mas onde é que você se meteu que não existe ainda?
- O café é expresso ou descafeínado senhor?
- Suspende, por favor, me trás uma dose daquele uísque ali.
Menina eu não sei quando você chega, mas quando chegar vai dar um belo poema.

Escrito em uma folha de guardanapo em um shopping qualquer da cidade, por Vinícius Victor A. Barros.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Poema sem nome.

Quando amamos
somos tão fortes quanto um abraço de despedida
tão tênues quanto as sombras que dançam nas paredes
refletidas por um abajur qualquer

Todo mundo é igual quando sente dor
toda dor é igual quando se sente amor
nem todo amor é igual
alguns duram dias
outros semanas
há aquele amor de segundos, pela janela do ônibus
pelo olhar
pelo respirar
pelo existir

Muitas coisas vão passar por aqui
poucas vão ficar
menos ainda vão significar algo
Eles te oferecem o mundo
eu te ofereço o meu
que já não me caibo
mas sempre tem espaço pra você.

Vinícius Victor A. Barros