quarta-feira, 29 de maio de 2013

Cartão postal.





Olá querida tudo bem?
Desculpa a letra feia nesse cartão postal, mas você sabe que escrever nunca foi meu forte né? Como estão as coisas por ai? Tá se cuidando?
Aqui tudo é lindo, o mar parece vir beijar a areia branca da praia e o céu de tão azul confunde-se com o horizonte, o vento sopra fresco e feliz, mas a saudade faz ele ter o teu perfume, meu bem. Conheci uns nativos legais anteontem, me ensinaram algumas palavras da região e me deram esse colar aqui da foto.
Semana passada fazia muito frio e a chuva caia sem piedade, me abriguei em um café qualquer no centro antigo da cidade. O café me lembrou aquele dia que a gente se conheceu, não foi bem o dia que nos conhecemos, mas foi um dos mais importantes lembra? Pela vidraça embaçada eu via as pessoas agitadas em busca de um abrigo seco e quente. Agora sozinho, não via mais graça em deixar-me molhar pelas chuvas quentes do verão tropical.
Estou feliz se isso lhe importa, mas não é uma felicidade completa claro, parece que sempre falta algo, falta uma peça no meu quebra-cabeça, um abraço no final do dia. Tenho plena certeza que você tá bem feliz ai distribuindo, para minha infelicidade, esses sorrisos tão bonitos. Pergunto-me se as vezes você pensa um pouco em mim, isso me faria sentir menos idiota por desperdiçar tanto tempo pensando em ti, me pergunto se as vezes você esbarra em alguma lembrança minha, alguma coisa nossa que te faça lembrar de algum dia que tivemos, porque mesmo aqui a quilômetros de distância por toda esquina desconhecida que atravesso algo me faz lembrar de você.
Suas amigas já devem ter lhe apresentado outros amigos e sussurrado em teus ouvidos que eu nunca voltarei, não acredites nelas minha pequena, o mar que me levou embora é o mesmo que em uma noite de tormenta me trouxe até o teu porto seguro. Basta você me chamar minha querida, basta manter acesa a luz do farol que me guia na tempestade e um dia eu voltarei prometo, mas, por favor, não se esqueça de mim.
Quando se sentir só, leia este cartão, veja as fotos de minhas viagens por este mundo, lembra-te dos planos que fizemos de um dia abandonarmos tudo e felizes conhecer os quatro quantos deste planeta.
Mas enquanto decidires viajar sozinha minha pequena, tudo que posso fazer é continuar com esta minha vida de marinheiro perdido, um amor em cada porto, mas com o coração bem ancorado ai, bem ai, em teu peito.

Vinícius Victor. A Barros.