Somos imortais, até que se prove o contrário.
Vivemos nos equilibrando no fio da navalha, desprezando os ricos de uma queda.
Somos um castelo de cartas resistindo bravamente ao mais tenro sopro da vida.
Independentemente da proximidade, sempre que uma pessoa jovem se vai é como se um ciclo não tivesse se fechado, o que nos sobra é a incredulidade: "Como o mundo ousa continuar seguindo em frente enquanto há tanta dor aqui dentro?". As arestas que não aparamos são agora espinhos que se fincam nas memórias do passado, a cerveja daquele final de semana que desmarcamos por conta de uma chuva boba no fim da tarde, agora é apenas um desejo.
Não consideramos a possibilidade do adeus, somos feitos para durar, somos feitos para resistir a rotinas massacrantes de estudo e trabalho, que nos sugam até os ossos a vontade de se importar com alguém além do nos mesmos no dia do amanhã.
Respeitamos instituições de orgulho que nos impedem de nos importar, de pedir desculpas, de amar, respeitamos o irrespeitável silêncio e distanciamento de alguém. As pessoas se perdem, perdemos pessoas e tudo que nos resta são lembranças em uma rede social, com uma foto que você não lembrava da existência, apenas um desenho feito de luz e nostalgia.
Ciclos se encerram, é a lei da vida, o que não nos contam é que o orgulho, a timidez, o medo, faz com que esses ciclos se encerrem antes da própria vida. Algumas almas são grandiosas demais para levar consigo pedidos de desculpas, eu te amos e palavras amigas, isto deve ser feito em vida, antes que nos desequilibremos do fio da navalha.
Para Frederick Faria, ou Fred, ou Cabloco.