terça-feira, 13 de agosto de 2013

A menina que gostava de cicatrizes.



Não entendia como podia ser assim tão diferente das outras meninas, enquanto elas passavam horas brincando com suas bonecas caríssimas preferia ficar lendo por horas em baixo de uma árvore, quando tornou-se moça todas as adolescentes de sua idade iam para festas esquecerem suas frustrações joviais, enquanto ela preferia assistir o balé das nuvens em uma tarde ensolarada. Já na velhice preferia contar histórias a todos seus netos e crianças que se dispunham a ouvi-la ao contrário de outros iguais que amargurados reclamavam da própria sorte e do destino próximo que a vida certamente os reservara, a morte.
Pisava leve e descalça na grama pra não maltratar a terra, fala com calma pra não se perder nas palavras, levava a vida como alguém leva nos braços um frágil botão de rosas, ia plantar ele em algum lugar para não faltar amor.

E assim via e vivia a moça, numa eterna poesia, sorrindo e dançando na chuva, pegando o caminho mais longo pra casa só pra ver as flores do canteiro, e assim vivia a moça mais leve que o céu, mais feliz que a maioria de todos nós.

Vinícius Victor A. Barros

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