"Na verdade, eu não estava preparado para o sofrimento. Todo homem, ao atingir certa idade, pode perfeitamente enfrentar a avalanche do tédio e da amargura, pois desde a meninice acostumou-se às vicissitudes, através de um processo lento e gradativo de dissabores." - Murilo Rubião
sexta-feira, 8 de março de 2013
Sobre estrofes e pontos finais.
Já tinha lido tantos livros e visto tantos filmes, podia escrever um bom romance sem precisar de muito esforço, era fácil escrever um fim.Todo início é complicado, escrever um texto requer paciência e inspiração, um bom primeiro parágrafo não implica necessariamente em um bom capítulo, e assim é a vida. Começamos na perfeição, uma primeira estrofe perfeita, somos puros e simétricos como a rima de um poema, que com o passar dos parágrafos de nossas vidas vai se degenerando, até chegar o tão temido ponto final.
Fazemos uma introdução perfeita, um desenvolvimento gasto e um fim abrupto, assim é a vida. Qualquer chimpanzé nas máquinas do destino escreveria um bom começo, no início tudo é perfeito não importa o que se faça, os bons adjetivos maquilam os maus, somos cegos conscientes e felizes.
E no final do espetáculo o que sobra?
Tudo se acaba, depois da última cena é quando o público se levanta e vai embora, é quando as cortinas se fecham, é quando os atores não são mais heróis e nem donzelas, são humanos frágeis e apalpáveis que vestiram máscaras fortes e indestrutíveis, quando as luzes do palco se desligam, quando a cinza do cigarro se apaga, quando o café esfria, o que vem depois?
Se eu ousasse dar um conselho para alguém nessa vida eu diria o que não canso de repetir em minhas nostalgias: "Aproveite os primeiros parágrafos amigo, porque os pontos finais não costumam respeitar nossos desejos."
Vinícius Victor A. Barros.
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