Hoje entrei no elevador e pensei ter sentido o teu perfume em algum canto,
esbarrei sem querer nas nossas memórias, mais minhas que suas na verdade, dava
pra te sentir ali do lado quando eu fechava os olhos.
Sempre tive medo de elevadores, nunca consegui me sentir seguro dentro de
algo que eu não pudesse ver onde estava indo, isso explica meu medo de avião e
também meu medo da vida.
Mas a vida parece mais um túnel do que um elevador, no qual você vai
atravessando a medida que o vai construindo, tomando cuidado com cada martelada
e cada pedra que retira lá de dentro afinal qualquer deslizamento pode
significar o fim. Mesmo assim vez ou outra uma pilastra torta se quebra e somos
soterrados, o peso do mundo inteiro sobre nossas costas e aquela vontade de
ficar ali atolado na lama pro resto da vida.
Pensei nisso tudo enquanto subia os vinte e quatro andares do meu prédio,
escutando as engrenagens lá em cima fazendo seus crocks e crecks, assustando
meu coração. Encher meus pulmões com seu perfume era o mais agradável dos
venenos, lembrar de você nem tanto.
Eu e meus medos, de elevador, de lugares abandonados, de escorpião, de
adeus, é sempre tive medo de dizer a deus até entender que a maioria das coisas
acaba sem despedida.
A porta se abre e espero outro dia sentir seu perfume aqui, mas dessa vez
que você venha junto pra a gente poder conversar e colocar as coisas no lugar.
Vinícius Victor A. Barros
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