Nunca
fugi de minhas responsabilidades, ou das que julgava e julgaram serem minhas! Pelo contrário um lado doentio masoquista de
meu ser amava a dor que era fazer complicadas escolhas mesmo que por vezes, sem
exceção, resultassem estas em catastróficas consequências para minha vida.
Jamais
houve em minha vida meio termo, dois pesos, ou medidas, não houve caminho que
não fosse decidido por mim e a passividade nunca foi característica de meu ego.
Não significava isto levar tudo a ferro e fogo já que a maioria dos dilemas em
que inevitavelmente me mergulhava resolvia-os com o mesmo desdém como o de quem
pisa em um gramado verde onde há em letras garrafais a placa "Não
Pise". Quem me dera que todos os problemas fossem como estas placas
facilmente ignoradas...
A exigência
injusta da vida por escolhas difíceis justificaria muito de minha personalidade
destrutiva, as bebedeiras dos fins de semana em busca da libertação da alma e
as ressacas fisiológicas, psíquicas e morais sagradas de todas as minhas segundas-feiras.
Explicaria o fato de possuir uma alma em carne viva de tão esfolada, e o sono
conturbado durante a noite.
Explicaria
muita coisa se fossem estes os reais motivos para tanto desconforto, que nem eu
sei de onde vem, mas está sempre ali, aquela sensação que as coisas estão fora
do lugar, que nada é bom o suficiente e a possibilidade de melhoras dista-se
muito mais do que o esperado. Sinto-me terrivelmente bobo quando uma faísca de
otimismo aparece em meu âmago, desconfio de mim mais do que a todos, isto porque
se pudesse andaria pelas ruas rodopiando para que não houvesse ninguém em
minhas costas.
Por
quantas vezes já não desejei uma mão atada a minha para caminharmos juntos e
escolhermos qual melhor rumo a seguir, quantas vezes por ironia fatal do
destino fui eu um dos caminhos a ser escolhido e não surpreendentemente fui eu
o caminho a ser abandonado.
Vinícius Victor A. Barros
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