segunda-feira, 4 de julho de 2016

Folie à deux.

Hoje tocou aquela nossa música no aleatório do celular, aquela que fala sobre saudade. Foi como entrar em um elevador e sentir o seu perfume. Foi como fechar os olhos e lembrar de tudo. Dos domingos de manhã no seu colchão, das viagens, de como eu te ensinava a observar as estrelas, de como você me ensinava sobre cinema, daquele cheiro de café que vinha da tua cozinha todo final de tarde.
Quase um ano se passou e eu ainda me pego rindo de alguma situação nossa, ainda tenho vontade de mostrar um poeta novo que eu descobri, falar que eu finalmente vi aquele filme que você me recomendou, de falar: "Olha essa música, lembrei de ti", de te acordar com um "bom dia principesa", de escutar teu coração e sua "respiração forte" durante a noite. 
Tenho saudades de tudo, você sabe, sempre fui essa nostalgia instável, essa transtornos obsessivos que você, diferente de todas as mulheres que eu conheci, não ria. Eu sempre morri de saudade, mas você sempre estava ali pra me ressuscitar. E se fosse só sentir saudade, seria fácil passar por cima, mas é algo a mais que isso, é como se faltasse um pedaço, como se os cigarros e as bebidas não apagassem o rastro que deixamos.
Eu queria ter estado do teu lado nas tuas conquistas, queria ter sorrido nas tuas vitórias, ter te abraçado nas suas derrotas. Queria poder ter te falado muito mais do que um "Oi" na única vez que nos vemos. 
Hoje vivemos de rastros, sinto que você ainda está do meu lado, não sei explicar ao certo. É como se qualquer dia eu fosse acordar em um sábado, colocar minha samba canção dentro da minha mochila e pegar o ônibus pra tua casa, estaria descendo tua avenida e você estaria esperando na porta com aquele sorriso que me fez apaixonar por você na primeira vez que eu vi, entraria na tua casa abraçaria teus pais, sentiria o cheiro do café e me sentiria em paz. 
No início foi difícil responder as perguntas, minha irmã, minha avó, meus tios, eles realmente sentem sua falta. 
Espero de verdade que esteja feliz, que te ofereçam tudo aquilo que eu jamais pude te oferecer, te façam feliz como eu não pude. Escrever isto foi como viajar sem um salva vidas, jogar uma carta ao mar e rezar para que ela um dia chegue ao endereço. 
Mas a vida tem dessas coisas, a gente navega pelos mares revoltos da vida, levando no baú os tesouros mais importantes que eu poderia ter: as lembranças. E uma bussola estragada que só aponta em destino a saudade, meu coração deixei enterrado em ti.

Te desejo amor, todo amor do mundo.

Folie à deux, principesa.

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